terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Preste atenção no tratamento da Água.

Fundamentos técnicos e conceituais para a
realização de inspeções sanitárias em sistemas
e demais soluções de abastecimento de água

Qualidade da água para consumo humano
O conceito de qualidade da agua relaciona-se a seu uso e caracteristicas por ela apresentadas,
determinadas pelas substancias presentes. A cada uso corresponde uma qualidade
e quantidade, necessarias e suficientes. Seu padrao de potabilidade e composto
por um conjunto de parametros que lhe confere qualidade propria para o consumo
humano.
Água potável é aquela que pode ser consumida sem risco à saúde e sem
causar rejeição ao consumo.
Em tese, do ponto de vista tecnologico qualquer agua pode ser tratada, porem nem
sempre a custo acessivel. Dai decorre o conceito de tratabilidade da agua, relacionado a
viabilidade tecnico-economica do tratamento, qual seja: dotar a agua de determinadas
caracteristicas que permitam ou potencializem determinado uso. Assim, agua potabilizavel
e aquela que em funcao de suas caracteristicas
condições de potabilidade mediante processos de tratamento viáveis do ponto de vista
tecnico-economico.
Porem, o tratamento da agua em si nao garante a manutencao da condicao de potabilidade,
haja vista que sua qualidade pode se deteriorar entre o tratamento, reservacao,
distribuicao e consumo. Cabe tambem destacar que varias substancias, como metais
pesados e agrotoxicos, nao sao efetivamente removidas em processos convencionais de
tratamento, bem como alguns organismos patogenicos de dificil remocao e deteccao
em aguas tratadas – como os protozoarios.
in natura pode ser dotada de
Qualidade da água bruta, tratamento da água e qualidade da água tratada
são variáveis interdependentes.
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Inspeção Sanitária em Abastecimento de Água
O padrão brasileiro de potabilidade e composto por:
• padrao microbiologico;
• padrao de turbidez para a agua pos-filtracao ou pre-desinfeccao;
• padrao para substancias quimicas que representam risco a saude (inorganicas,
organicas, agrotoxicos, desinfetantes e produtos secundarios da desinfeccao);
• padrao de radioatividade;
• padrao de aceitacao para consumo humano.
Na visão da OMS, os riscos à saúde impostos pelas substâncias químicas
(de efeito crônico e longo prazo, por vezes não muito bem fundamentados
do ponto de vista toxicológico e epidemiológico) não devem ser comparados
aos riscos microbiológicos de transmissão de doenças (de efeito
agudo e curto prazo, inquestionáveis e de grande impacto). Em termos
gerais, guardada a importância relativa e específica de cada um, a garantia
da qualidade microbiológica da água deve receber prioridade.
A potabilidade da agua e aferida pelo atendimento simultaneo dos valores maximos
permitidos (VMP – concentracoes-limite) estabelecidos para cada parametro.
A avaliacao da qualidade da agua para consumo humano deve superar o mero controle
laboratorial para verificar o atendimento ao padrao de potabilidade, pois do ponto
de vista do gerenciamento de riscos a saude sao varias as limitacoes:
• a amostragem para o monitoramento da qualidade da agua baseia-se em principio
estatistico/probabilistico, incorporando, inevitavelmente, uma margem de
erro/incerteza;
• a qualidade microbiologica da agua bruta, tratada e distribuida pode sofrer alteracoes
bruscas e nao detectadas em tempo real;
• por razoes financeiras, limitacoes tecnico-analiticas e necessidade de respostas
ageis, no controle microbiologico da qualidade da agua usualmente recorre-se
ao emprego de organismos indicadores; entretanto, reconhecidamente nao existem
organismos que indiquem a presenca/ausencia da ampla variedade de patogenos
possiveis de serem removidos/inativados ou resistirem/trespassarem os
diversos processos de tratamento da agua (Bastos
• do ponto de vista quimico, os limites de concentracao adotados internacionalmente
muitas vezes partem de estudos toxicologicos ou epidemiologicos com
elevado grau de incerteza, arbitrariedade ou nao representatividade; alem disso,
nao ha como assegurar o desejavel dinamismo e agilidade na legislacao para
corrigir valores de VMP ou incluir/excluir parametros.
et al, 2000).
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Por tudo isso, merecem destaque as seguintes observações:
• O controle da qualidade da agua, baseado unica e exclusivamente em analises
laboratoriais de amostras, ainda que frequentes, nao constitui garantia absoluta
de potabilidade.
• A adocao de boas praticas em todas as partes constituintes e etapas dos processos
e sistemas de produção e abastecimento de agua, bem como a vigilancia epidemiologica
e a associação entre agravos a saúde e situações de vulnerabilidade
dos sistemas e soluções de abastecimento de agua são tão importantes quanto o
controle laboratorial.
Na visão da OMS, o recurso a ferramentas de avaliação e gerenciamento
de riscos, aplicadas de forma abrangente e integrada, desde a captação
até o consumo, constitui a forma mais efetiva de garantir a segurança da
qualidade da água para consumo humano (WHO, 2004).
By Aline Bitante.

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